26 de maio de 2007

Metropolitan


Reclamam demais do crime, da violência, do que há de ruim pela cidade. O chão está sujo, o esgoto fede, as marquises caem, as pessoas se socam, se chutam, se atropelam aleatoriamente.
Assaltos frequentes, batedores de carteira, menores infratores, cola, cocaína, maconha, repórteres da Globo, é tudo um saco mesmo.
Shows são muito caros ou são muito longe, parques são maçantes, museus estão em greve, cinemas são lotados e caros, shoppings servem para almoço. Há berros, gente feia na lotação, celulares com os mesmos toques, estresse em massa, mas e daí? Ninguém disse que era bom.


Claro, tem praia. Maré vermelha, ressaca, gente demais, areia demais, e no inverno nem é possível pensar nisso. Chove, tudo vira lama, sapatos escorregam, rios enchem, o esgoto fede (sempre), tudo vira um porre, trabalhos não foram entregues, faltou luz não sei aonde, não dá tempo de comprar aquilo, vendedores são burros, garçons nem se fala, taxistas compensam é verdade.


Pela noite tudo é mal iluminado, os bares estão lotados, restaurantes não satisfazem, de repente falta gente, pra onde foi todo mundo? Comemorações, casamentos, aniversários, protocolos, parentes indesejáveis, amigos que não vieram, fotos, fotos, fotos.
Tem jornal na porta, tem hora pra chegar, tem almoço na geladeira, só chega em casa às dez. Há vida por todo canto, a cidade cansa em exaltação, uma parada para o café.


Só há silêncio na frente de computadores, provas, livros, novelas das oito e o que mais desligar o senso comum, as sinapses ronronando e nada mais.
Que reclamem, que vomitem, que digam "tudo está pior", pois nada pode ser comparado à vida metropolitana, às possibilidades, ao Caos necessário, é isso e está ótimo.
Risadas solitárias fazem parte do cotidiano, hipocrisia é o que sobra.