15 de agosto de 2014

vigília branca


Meu caro Pégaso,

Sob o céu branco do nosso reino, vejo, etéreo, o teu ninho; de paredes em guarda, ansiosas por qualquer momento ou gotejo de bica. Sentinelas da tua vontade - imperativa mesmo na tua ausência - permanecessem mudas em minha imaginação.


Ah, Pégaso, não fossem os anos, eu ainda seria tola; não percebes que sagrei-me monja em teu monastério? e como copista das tuas palavras ébrias, admirei o horizonte a cada voo, fiz dele um amigo, uma esperança - jamais promessa - mas hoje

hoje esbarrei em uma das tuas penas brancas e ela me escapou suave entre os dedos, deslizou sobre a fruteira vazia e pousou sobre o chão como um inseto emplumado.

Encarei-a, minutos a fio, e não entendi o que se passava.

Lá fora tudo estava pálido; eu corei vermelha, quente. E entre o sentimento de roubo ou acidente, impûs um silêncio: não seria minha, tampouco tua, já que como todas as outras - e a ti mesmo -, também não a abandonaste?