7 de março de 2011

Horas inquietas

Eu recebo este carinho da luz branca de um velho spot, e da música velha das novas caixas de som. E essa sonoridade me arrebenta de preocupação, já que procuro saber - evitando tanto - onde foi que você se escondeu aqui por dentro na minha rotina tola, cheia de papéis, pessoas sem virtude, e que tipo de ideia me fez te abandonar por todos os jornais da semana passada e conversas sobre ditaduras derrubadas.

Só o que ouço são conselhos repetidos, mas nada é maior que a lembrança da sua voz ao meu ouvido, do seu pudor covarde diante da minha insanidade. Que verbos são esses e que estranhos são esses me atormentando o viver? Quem é autoridade pra me dizer que estou vivendo algo novo - que medo! - se penso no tranco que é forçar um entendimento entre as suas partes, ou refazer inteiro o meu orgulho desmontado.

Entendo que as horas tem poder noturno de cura, mas a suada saudade fala e grita e esperneia faminta de querer ser jovem e dupla, de andar paparicada com aquelas misérias nossas. Já disse que será tudo diferente, pra ser tudo igual, mas nosso - antes era cada um, um - e completo.

Tudo que é sedutor ainda está à espera na gaveta. E eu sorrio, sorrio muito.