Vou, atirada à dúvida, incerta da nossa indecisão. Certa de que não terei nada à comparar, distraída pelo caminho, sonhando na tua ausência, mas sigo, com o riso calado sem temer a minha vitória junto àqueles que me querem tão bem.
E este desconforto, este remoer vibrante entre nós, é fogo de palha.Mas penso também em seus desejos, e em como me queres bem; penso, enfim, em como te vejo, bonito à mirar o espelho, cantando baixo alguma música, levantando os olhos para a janela, nada, mas o céu, juntando sorrisos, o seu sorriso.
Vou descrente, abrindo as janelas para o calor do tédio, tentando lembrar onde nos perdemos, em que canto, em quais palavras, tão imensas, mas ainda menores que o silêncio, este sim o culpado, não nós, mas nosso silêncio.
Outra vez, quem sabe, será de novo, aquilo que já se foi, e fingiremos uma noite, em meio aos copos, desviando olhares, rindo dos nossos hábitos, e das histórias que tantos contam. Mas hesitarei, cavando atrás de algum arrependimento, entre uma coisa ou outra. Minha escolha, porém, é sempre o inusitado, o estranho conhecido, pois aprendi as suas regras no jogo.
Nestas ilusões, encarnadas no medo e na vontade, neste fingir para criar novas lembranças tão semelhantes, haverá sim uma rosa-dos-ventos, arrastando-nos mais uma vez para o nosso afeto.
Texto em resposta à "Para seja-lá-qual-direção" de Thiago Terenzi
2 comentários:
“haverá sim uma rosa-dos-ventos”
e que assim seja.
Coube, sim. Particularmente achei a resposta de uma sensibilidade indizível, mantendo a antítese: a vontade de ficar e a necessidade de ir...
Gosto muito dos seus textos, das imagens e dos sons e das sensações que eles criam.
Ultra-sensível. À flor-da-pele, como sempre.
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