Ela deslizou os dedos pela mesa da sala à caminho da cozinha, e trazia junto ao corpo, segurando como podia, um conjunto de copos plásticos laranjas. Sentia-se assim, translúcida, invadida pela luminosidade da tarde àquela hora, desejada e cercada pelo Sol, como os copos, como as pernas alheias sacudindo debaixo d'água na piscina. Não podia escapar deste sentimento, essa coisa estranha que era a esperança - e talvez não fosse isso - quando esparramada sobre o coração, uma rédea que fazia-o trotar bonito, e um leve arrepio percorria todo o corpo; ela sorria.
E enquanto suava mais, pelo nervosismo e pelo calor dos fundos da casa, revendo as coisas do almoço, se estavam em ordem, se todos estavam em ordem, parou um momento para ouví-los. Discutiam, animadamente, sobre o jogo de quarta, uma vitória; Sofia piscou duas vezes, e encontrou apoio na bancada da cozinha, abraçou-se, em dúvida, cismada, percorrendo com os dedos do ombro até a cabeça, e nela encontrou uma flor pequenina, um jasmim meio murcho, pálido. Comeu-o.
Viu-se minutos antes, recolhendo os copos, quando apareceu-lhe a surpresa, chamando seu nome, e toda molhada, vestindo um biquíni roxo: "Achei o seu presente de hoje." E recebeu ali o jasmim no meio dos cabelos, junto com um beijo na testa; rápido e seco, passou um vento, mas ela estava segura de que a flor não se desprenderia, já que não pensava nela.
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