4 de junho de 2015

oclusão

é este o ato final, Pégaso? a urgência das minhas palavras não busca por seu voo no horizonte, nem meus olhos se detém sobre o reflexo das nuvens nas janelas.

há muito deixei o labirinto, sem guias, sem direção. e na proteção daquilo que me revolvia as entranhas com dor e conforto, deixei de reconhecer a liberdade como algo verdadeiramente livre.

tudo que construí a partir da dúvida, das brechas que me davam a visão do mar, foi uma verdade imperfeita: 

vejo a praia e não sei; imagino outra vez o barquinho, as ondas, e afogo estas lembranças dentro de algum lugar em que não podem ser encaradas; mas se a maré cobriu todos os caminhos anteriores, e se não há nada no céu que me sirva para além de uma vingança sem resultado que não seja a sangria das minhas feridas, o mar enfim se oferta como destino.

além da bruma, além da bruma.