12 de março de 2007

A Árvore das Possibilidades


Aquela velha história de que só reconhemos o valor das coisas quando as perdemos é meio furada. Na verdade agregamos muito mais valor às coisas quando as vemos pela primeira vez, sejam valores positivos ou negativos. Como quando ganhamos um presente esperado, no momento que possuímos o objeto de desejo nós atribuímos o valor máximo a ele. Quando compramos roupas novas, quando comemos um prato tão bem preparado ou quando conquistamos alguém. Em todas essas situações há valorização máxima de uma forma positiva, mas também damos valores negativos às coisas. Valorizar negativamente é totalmente diferente de desvalorizar algo, uma valorização negativa é atribuir defeitos, ou ter repulsa, imediatos ao ganso de cristal que sua tia Helga lhe deu de natal. Desvalorizar é apontar defeitos após uma valorização positiva, é cansar, é ver o iPod cair tantas vezes no chão que fica com desgosto do objeto.

Mas e quando envolvemos algo abstrato às valorizações? Como uma situação, por exemplo. Está certo que uma situação é a soma dos valores de tudo que se encontra nela, como o local e as pessoas, enfim o ambiente. Se quisermos complicar as coisas podemos tentar entender a valorização de sentimentos, mas eu diria que isso seria impossível, já que para mim um sentimento é o resultado final de uma valorização simples ou complexa. Como uma bola de neve... você procura um apartamento para comprar, tem as primeiras impressões pelo anúncio, depois pelo telefone com o vendedor, finalmente ao atravessar a porta da possível nova moradia você está enlouquecido em adequar cada parede às expectativas que tinha antes de vê-las.

O que aprendi, até agora, com tudo isso é que talvez seja mais fácil enxergar as coisas como possibilidades, até mesmo as pessoas. Pode parecer muito racional à princípio, mas o segredo é deixar de ser hipócrita, e forçar uma perna para fora das regras sociais estabelecidas sabe-se lá Deus quando. O discurso é matemático, não tem outra maneira de explicar uma coisa dessas, ainda mais com a palavra "valor" envolvida. Se parar para perceber como fazemos cálculos o tempo do todo, será possível prever o resultado e as possibilidades de se chegar até ele.
Como diria a minha "adorável" professora de matemática, "no primeiro momento precisamos fixar a idéia e depois vemos a árvore das possibilidades", em teoria ela estava certa, mas na prática era uma piada. Nesse caso, como estamos falando de coisas e não números, temos muito mais chances de sucesso e aprendemos de uma forma ou de outra.

Não estou falando de estratégias ou dando dicas sobre como burlar a própria mente (hahaha nem tente fazer isso), só acho divertido querer entender e usar os coloridos botões disponíveis na minha cabeça e na cabeça dos outros. Enxergue as possibilidades, ganhe prática e coisas simples irão se tornar, cada vez com menos frequência, em um bloqueio que ri da sua cara ao ver você cavar a terra embaixo da cerca com uma colher. E o pior: de plástico.
Imagem: Dennis Warren, "Couple Reading Under Tree"

3 comentários:

Anônimo disse...

É o velho clichê 'free your mind'.

Mas a máxima é totalmente verdadeira:derrubar barreiras mentais e enxergar todos os lados do pentágono às vezes pode ser difícil - mas é compensador.

Anônimo disse...

Ser um pouco racional as vezes ajuda...

Anônimo disse...

juliod,tá certo,é árvore das possibilidades, mas não esqueça, como árvore tem que ser cuidada para chegar a sê-la, ou pode crescer pouco e ser apenas uma planta de vaso, ou até mesmo morrer sem germinar e, aí, os frutos, que são as possibilidades, não aparecerão. Mexa, não só os botões coloridos da sua cabeça, mas as suas mãos onde estão os dedos para apertá-los e também cuidar da árvore.