Não chove nas folhas secas.
Naquele pequeno submundo animal, entre os espaços na sombra de um tronco seco moram uma aranha e um escorpião.
Ardilosa e convencida a aranha se acha esperta demais. Preocupa-se com futilidades, oito patas pra dançar, cheia dos preconceitos, daquelas esquisitonas e senhora do próprio nariz.
Solitário e impaciente o escorpião dedica seu tempo livre a pensamentos sombrios. Extremamente vaidoso, crê em superstições, um completo perturbado.
A aranha é pop, o escorpião é sábio. Ambos concorrem às eleições daquele maldito tronco, e todos os anos, ambos perdem para um velho e pequeno roedor. Sim, um mamífero, um estúpido mamífero, solteirão, porco, e ainda por cima baladeiro de plantão, só saindo à noite.
Na verdade, o tal rato, era o delírio do povão. Seus restos de comida faziam a felicidade do formigueiro mais próximo, ele não tinha problemas com mais ninguém dali, alguns besouros gângsters talvez e, obviamente, todas as cobras da alta sociedade, mas elas não rastejavam até aquele tronco detestável para pertubá-lo.
A aranha, cansada e vendo as rugas surgirem, precisava ganhar a próxima eleição para atrair a atenção dos pretendentes.
O escorpião queria a ordem, todo o estardalhaço do rato espantava a boa comida de se aproximar, e além do mais, imagine ele, o escorpião, ganhando a eleição, era um sonho.
Fizeram um acordo, uma troca de veneno, matariam o rato e aí só restariam os dois para concorrer. O plano seria perfeito, mas os dois começaram uma discussão sobre quem tinha mais capacidade de dar cabo do roedor e ficaram nisso até o dito cujo aparecer. Completamente desnorteados com a presença quente e gorda do inimigo, o escorpião e a aranha tentaram, em vão, desconversar e fugir.
Claro, o rato devorou os dois naquela noite e palitou os dentes. E o tronco agora, virou reino.
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