24 de setembro de 2008

Visão Primaveril

O silêncio dos objetos fornecia a liga para o caldo de emoções que ondulava em seu peito. E ali na varanda, iluminado por um pálido Sol, não havia qualquer inspiração, era mais um dia vazio.
A razão, porém, confrontava-o com idéias e reflexões simples, lembranças das conversas com os outros, os próximos. Seus olhos admiravam o espaço entre o rosto e o chão; arrumava os pensamentos de acordo com o que sentia. Habitava naquele exato momento o devaneio de alguém? Era a razão desse devaneio? Gostaria de ser? Silêncio.

Sabia que os dias viriam rápidos agora, e temia essa urgência dos meses.

Aquele caldo na verdade era um frio e escuro lago há algum tempo e nada perturbava a sua fresca superfície, até que alguém teve a coragem de atirar uma pedra.

De repente, perdeu a imagem mental ali da varanda ao avistar um pequenino pássaro vindo de outros tempos. Ele pousou lentamente... e foi recebido pela brisa quente da nova estação.

2 comentários:

hxaxa disse...

do meu prédio vejo a primavera pousar masi que lentamente sobre a minha janela!
as cigarras cantam(ontem pela primeira vez ouvi um coro de cigarras...e olha que eu morava no interior hein?)
é não era exatamente um observador das causas simples do mundo!

Anônimo disse...

A vida é uma sucessão de instantes; uns mais perceptíveis, outros nem tanto. E a oportunidade de fazermos avaliações e reflexões dá-se quando capturamos um destes. Mas o tempo é curto, basta um pássaro partir em seu vôo pra novamente tudo voltar a rodar.

(Belos textos, só pra constar)

=)