23 de fevereiro de 2009

Não pergunto quantos são

não pergunto quantos são nem quantos foram antes de nós;

nós, que somos nós?

aprendizados paralelos;
cartas marcadas, vitórias e silêncio.

não pergunto quantos são os que vêm pela rua, diante de mim, loucos de relógio e tempo nenhum. Eu os afasto com a sua lembrança, quando o olho sinal e a faixa branca;

quando vejo a morte no parachoque, no vidro quebrado, na minha juventude aberta e ferida no meio da rua. É o que todo mundo vê quando atravessa a avenida 34: a morte com seus faróis à espera no leito listrado de branco.

mas, paixão, pois é assim que te chamo, o que ninguém vê é a própria consciência tentando chamar a atenção, alucinada, pedindo mais, correndo contra os atos de impulso, domando as emoções; castigada pela realidade com seus cheiros, seus fatos, suas cores que ousam infiltrar a clareza das nossas vidas.

E com essa realidade, te lembrei alguém que jamais fui. Pois tudo não passa de uma expectativa, quando conheces o outro e percebe que antes daquele momento existiram todos os anteriores, e acreditamos que estes são fáceis de adivinhar através de cicatrizes, de um brilho fraco nos olhos, de um riso sincero antes do amanhecer.

É por isso que não falo e penso demais. Nem pergunto quantos são... os seus momentos antes do nosso.

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