14 de março de 2009

não tão distante da meia noite

(Ainda com o rosto seco, procurou pelas lágrimas que nutririam sua paz)

Pensou se era possível sentir saudade do que não se teve ou não se conheceu, mas este não era o caso, teve o vislumbre dias antes, quando olhou para o céu do amanhecer. Ali, sentiu que em algum lugar seu sentimento, e seus receios, tinham o par.

Não solitariamente, contestou o equívoco. Por hábito, viu-se lá pela meia noite, e a hora foi clara em seu clichê de questionamentos. Quando chegasse ao próprio leito, seria tarde demais, disso sabia, porém ainda seria cedo para o início de uma longa digestão mental.
Aquela coisa entre tristeza e alívio era como uma víbora que se alimenta de pensamentos e passa um longo período sem fazer outra refeição. Mas não sabia nomeá-la, só a ouvia internamente sibilando, sibilando, sibilando.

Às vezes acostuma-se ao sabor curioso da impotência diante dos atos. É como lamber uma colher vazia esforçando-se para lembrar de um gosto doce.

(As lágrimas não vieram porque seriam muito semelhantes às anteriores e, com essas, qualquer paz tornaria-se um mero bocejo infantil antes de um sonho inquieto sobre água)

Estava então lá pela meia noite, boiando na calmaria inicial da frustração. Sendo assim, a chuva achou melhor chegar em silêncio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Registrar que gostei MUITO do que li agora.

:)

"Às vezes acostuma-se ao sabor curioso da impotência diante dos atos." 5 estrelas