22 de janeiro de 2013

procurado

jovem afeto, onde posso encontrá-lo? em que visão - bosque, praia, castelo - encaixa-te com perfeição, para que eu também fique contente de saber da sua existência? pois o que eu tenho agora em mim é essa sensação que tu me escondes um segredo, que perdestes um fato de cristal em algum buraco para que eu  o encontrasse, e assim os teus domínios, teus vales, tua areia e escuros calabouços aumentassem; a cada busca ou cenário, sou obrigado a dar-lhe mais da minha própria ficção, percorrendo trilhas na ponta dos pés sobre as migalhas e contando os dias abrindo e fechando grandes portões com chaves tão pequeninas; jovem afeto, de que forma irás me assombrar agora? qual é a tua nova fantasia? e de que cor estará o céu no dia do nosso reencontro?

não me confunda os sentidos outra vez com teus sopros e silêncios

7 de janeiro de 2013

puro

hoje durmo ao teu lado com os pés sujos de terra, e me descubro inteiramente sujo, com os lábios secos; e assim invado suas cobertas azuis, deito sobre as tuas estrelas, onde repouso minha memória  - corcel branco de fita laranja -  sossegada; mas teu desejo é insípido, tua língua só conhece fresca mentira, e teu tato, tuas mãos, pele e curva mortal; nada compreendes do prazer, nada conheces do afeto entre os espíritos e nunca abandonastes tua satisfação infantil; e não percebe que és aquilo que condena, disfarçado pelo Tempo

enquanto sonho com borboletas no quintal.