20 de janeiro de 2007

Asas e Cera


A história de Ícaro e seu pai é um dos melhores contos da mitologia grega. Não só por conter o mesmo dramalhão encontrado em outros contos, como de Orfeu e Eurídice, mas por me ajudar a aprender uma lição. Uma que, é claro, já observei em algumas seletas pessoas.

Quando chegamos à uma certa idade, ali no meio do caos adulto e da ternura infantil, a mente nos prega uma peça todos os dias. Estamos sempre loucos, nervosos, ansiosos, insatisfeitos e sexualmente insaciados. E não me venha dizer que é mentira. Nossas fobias, nossos medos e nossas insanidades ocasionais nos pegam sempre de surpresa. E o que fazemos? Na maioria das vezes nós vamos para o lado desgostoso, engolimos as coisas e nos desesperamos momentos depois. E é assim que deve ser.

Porém, quando se chega ao ápice da tortura pessoal, percebemos que a queda vem em seguida e aí é que está a grande jogada.
As pesssoas realmente não se importam umas com as outras, estão sempre preocupadas com problemas pessoais ligados indiretamente às outras pessoas e só. Só se tem noção disso quando a porta da terceira infância se fechou de vez e seus conceitos de liberdade são totalmente diferentes do que eram há alguns anos atrás.

A principal necessidade é a de asas para voar. Para esquecer um pouco daquele mundo familiar que lhe traz tantas memórias do passado. Memórias essas que são tentadoras para surtos histéricos e crises existenciais.
O único problema disso tudo é estar certo das asas que arranjou e das limitações que elas ainda lhe trazem. Como na história de Ícaro, que após anos montando com seu pai as asas que trouxeram liberdade a ambos, ficou tão fascinado com elas que alcançou altura suficiente para ter a cera, que colava as penas das asas, derretida pelo calor intenso do Sol e morreu após a queda no Mar Egeu. Nós também podemos sofrer da mesma tragédia, exceto pelo fato das asas serem apenas uma metáfora e a morte não ser necessariamente o gran finale.

Alcançar o vôo para uma doce escapatória é algo que deve ser pensado e avaliado. Se quiser apostar todas as fichas, tudo bem, mas a aventura deve lhe trazer mais experiências boas do que ruins, ou então o preço e o tempo gastos não serão recompensados.

Se for inteligente e não voar além do que suas asas permitem (ainda), o destino final da primeira etapa será um local seguro para repensar as vivências e construir novas e maiores asas. E nada poderá ser melhor do que obter esse reconhecimento através de si mesmo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ju

Não concordo com sua temática. Ícaro pecou. Pecou na sua arrogância e irresponsabilidade. Voou para a morte.

Anônimo disse...

admiro cada vez mais seus textos .
beijos

Anônimo disse...

como a sua amiga consul disse, icaro d fato vuou para morte. poderia ter sido prudente, mas se talvez assim fosse nunk tivesse chegado ao ponto q chegou nem conhecido a altura q foi!
qto mais alto se estah, maior será o tombo... A sensação de conhecer o topo custou kro, mas será q nao valeu a pena!?