17 de fevereiro de 2007

Prozac



O problema é querer um problema. É abrir duzentos braços para o que vier pela frente. É permanecer inconscientemente calado, esperando apenas que a razão lhe complete as palavras na boca.
Acordar todos os dias com a mesma sensação de que você está se tornando outra pessoa é viciante. Você sabe que continua o mesmo, apenas finge involuntariamente que não é. E como isso cansa, e muito, você tem pequenos surtos e grande necessidade de mudança, mas nada acontece. Então você engole a sua derrota como um Prozac, e se satisfaz com delírios próprios e encenações para a consciência.

Não suportar o meio-termo é o que te consome. Estar sempre beirando a felicidade plena e a depressão suprema não é algo divertido. É como uma luta eterna entre deuses gêmeos criadores do todo. Titãs de igual poder que brincam com você como uma bolinha, para lá e para cá. E você não sabe qual deles vai se cansar e desistir sabendo que perdeu por escolha própria.
Nenhuma tentativa de escapatória você consegue planejar, por que sabe que irá falhar.

E a principal dúvida que te acorda pela manhã e não te deixa dormir à noite é sobre o que seria melhor: o abandono da felicidade ou da depressão?


*Retirado do Diário Pessoal

3 comentários:

Luíse B. disse...

Eis a dúvida que me consome.

Camila disse...

digno de julio
e vc entende o cmt

Anônimo disse...

Nossa. É como andar na corda bamba, pendendo pra dois lados extremos. A corda bamba pra mim é a medíocridade, ela me mata. Eu quero prefiro cair, mas espero que seja para o lado certo.