As tardes de vento no rosto, os rostos quietos observam a grama estática, imóvel, sob o Sol da tarde. Simples tarde, onde amigos e amantes se encontram em total êxtase, desligados dos momentos corretos, das suposições e dos problemas. Tardes mornas que nos fazem desejar o impróprio, o promíscuo, ou apenas o riso. Tardes mornas que descem dançando com a luz enviesada, girando junto com o povo, o povo que desce aos montes, hipnotizado, de olhos abertos para a mente.
Tardes de banho de Sol, de calor, de satisfação pessoal, de delírios criativos, entupidas de sono infantil, recheadas de brotos que estalam, escassas frutas no pé, chuvas esparsas, chuvas fortes, raios ou nuvens.
Tardes de espaço, vem com preguiça, com lençol, com sorvete de creme e pensamentos lá longe. Telefonemas, mensagens, nada... o mundo não presta atenção, o mundo apenas observa, tardes de espera, de fim de expediente, de sapatos na escada, dos jeans no quarto. Sem pudor, sem educação, sem conversas sérias, nas tardes tudo é de pouco valor, o abstrato completa, nas folhas que rodopiam, no semáforo vermelho, no suor das ladeiras.
Os lápis de cor, os gatos cor de caramelo, as janelas abertas, borboletas nas flores, os parques repletos de viço e repletos de suspiros, de gente, de bicho, de coisa qualquer.
Tardes transpiram, derretem, amaciam, voam, mentem, tomam café ou chá gelado, aguardam, se arrastam ou correm, apenas passam, mas absorvem a gente. Olhares, abraços, cumprimentos, beijos, bolos de aveia, piscinas preenchidas de luz, quentes em cima, mornas no meio, surpreendentemente frias no fim. Sofás coloridos, mesas de vidro, pilhas de CD e livros lidos, jornais velhos, revistas de ontem, sacolas plásticas, e também chaveiros, chinelos, silêncio. Segredos individuais, fofocas, revelações, fotografias, histórias dos outros, de muitos ou poucos, aleatoriedades, previsões meteorológicas, loucuras, sussurros e gritos. Buzinas e bocejos, trabalhos de grupo, diários, canetas, e é claro, monitores e teclados.
Com música elas logo se vão, cansadas, desgastadas, de laranja ou de cinza-azulado, aos poucos, deixam desejos, deixam marcas, cores, carinhos, sonhos e sorrisos no canto da boca. Elas vão saindo, logo viram na esquina, e nada mais resta das tardes, exceto a imortalidade.
Com música elas logo se vão, cansadas, desgastadas, de laranja ou de cinza-azulado, aos poucos, deixam desejos, deixam marcas, cores, carinhos, sonhos e sorrisos no canto da boca. Elas vão saindo, logo viram na esquina, e nada mais resta das tardes, exceto a imortalidade.
Imagem: "Afternoon Walk" de Irene Brownjohn