2 de março de 2008

Domínio

Deitou-se inconsciente. Dominado pela mente incontrolável, só ouvia a vibração, consentia o prazer de algo vivo dentro dele atá-lo; cordas feitas de pensamentos apertam muito mais que as de algodão, sangram os sentimentos até esvair a posse que cada ser tem de si, até que o instinto suavemente acaricie as rédeas, vermelhas de ódio ou paixão, e as puxe.

Não há controle.

Se emitisse um som, não seria palavra, seria voz sem mente; enquanto isso a corte montada lá dentro riria, dançariam entre máscaras de virtude e pecado; eis o inconsciente.
Era ele palavra e ação sem a razão e a lógica? Era ele, tão grandioso e pleno de si, irresistível aos olhos, largado no chão em pleno delírio?

Veio o brilho; sentia-se molhado e sedento, a incrível dualidade, primeiro físico depois psicológico, de mãos dadas, os reis gêmeos pareciam ter concordado um com outro. Levantaram o corpo.

Não mais desejava aqueles momentos, somente os que poderia gozar perfeito de si, num falso descontrole, feito na forja da impaciência ou da ilusão.

Ar era ar, e dele, faria vento.

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