Veio suave e gostoso como uma brisa morna. No início, apenas no olhar, os cantos abriram-se em outras dimensões, o chão ficou repleto de flor e havia música por toda a casa.
(e pelo ventre subiu-lhe uma vontade, um raio devasso, uma louca paixão.)
Era noite de um dia comum, não, foi madrugada de um novo dia. Mas nada impedia que o céu clareasse de estrelas; enquanto escorriam as horas, o destino conspirava contra, queria atear o fogo da manhã e clarear todas as mentes, mostrar a realidade sob o único e onipotente Sol.
(desprendeu os braços do próprio corpo gelado, úmido. Um passo, aproximou-se, voltou. Dois passos. Tão perto; silêncio.)
O quarto esvaziou-se de cheiros ou cores. Todo ser diante do cinza inodoro libera seus instintos. É mais forte que uma loucura, mais rápido que um susto.
(e os olhos percorreram as tentativas, as chances, a frágil segurança de um igual adormecido. Suspirava.)
Nada se movia; o tempo seguia travado num soluço do desejo. Faria toda a oportunidade, ali naquele momento, se encarassem a continuação dos atos; da peça sem falas.
(de repente correu, mas não tão depressa, despejou a mente, a alma, o corpo, o embrulho de idéias, num único movimento; seco, macio, livre e absoluto.)
Cantaram pássaros. E o mundo inteiro recolheu forças para o giro, rodou penosamente suas montanhas e mares, sorrindo aos que se esforçam contra os próprios receios.
(com os olhos ainda fechados, mergulhou num adágio sentimental, para enfim esconder-se nos sonhos.)
Amanheceu muitas e muitas vezes desde então.