4 de agosto de 2008

Anos Difíceis

Poucos sabem como é sentir-se preso, afogado em meio às próprias angústias. Viver com fardos que sufocam as idéias faz parte de qualquer período de grandes mudanças; ela ainda não compreendera isso.

São anos difíceis, é o refluxo de toda uma pequena e importante etapa. Vive-se por acidente, vive-se no perigo constante do fim de barragens, represas tão sólidas de segurança e conforto, tudo acaba. Para ela não fizeram ritos, não colocaram-na trancada durante dias em algum lugar e tiraram-na de lá mulher feita, não. Era mulher só por saber, por fatos e realidades. Mas então e o abstrato? Teria que descobrir sozinha que os dias mudam, e passam, e voam, logo descem pela garganta como avalanche, viriam lágrimas, centelhas de raiva, solidão. Seria quase nascer de novo, sentiria medo de colocar os pés na rua, de respirar o ar, fraquejaria diante de uma simples escolha antes de dormir ou logo depois de acordar. Perderia chances e não iria conseguir consolo com coisas banais como antigamente, tudo agora trazia apenas o sentimento de passagem.

Sentenciou o fim de todas as coisas, menos da própria vida. Amava viver é claro, tinha os seus. Podia a qualquer momento refugiar-se na felicidade alheia e compartilhar a sua dor sem sentir-se egoísta, pois todos fazem a mesma coisa. Todos nós somos uns pelos outros; internamente, depois dos egos, depois do medo, lá em algum ponto escuro há o eterno afeto, uma força que berra e nos protege de nossos próprios venenos.

Tinha agora esses direitos e deveres inventados, essas bobagens, e só tomou consciência de que até agora tudo foi fácil demais enquanto abraçava, aos prantos e aos risos, aqueles seus, aquelas suas; seus melhores amigos.

6 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo blog. E parabéns, você escreve muito bem. Se puder, passa lá no meu? http://altosbaixos.zip.net/

Marie disse...

me identifiquei muito com o seu post.

Luana Freitas disse...

catei seu blog por aí e acabei de me ver nas suas palavras. dá até um friozinho na barriga estar assim no texto que é de outro, mas que parece feito pra gente. gostei.

Luana Freitas disse...

;)

Jana Cambuí disse...

Passa lá no Infinito Público, deixei para seu blog dois selos.

moa disse...

lindo!