Estranha nebulosidade que percorre teus sonhos e beira fria o batente da janela, tirando o brilho das folhas, entristecendo os carmins; eu vejo a realidade e tua imaginação correndo entrelaçadas, nuas. Mas algo mudou, como se a tarde, elétrica e silenciosa, tivesse aquecido os corações, incluindo o teu.
Sigo em frente, observo-te a temer os outros, e estremecer na minha ausência, calado e sentimental. Eu te amo.
E este herói que me invade, marítimo, rebatendo em meu orgulho montado, divide outros segredos, outros momentos, fazendo do cinza uma cor púrpura invejável, carregada de sentimentos; admiradores delirantes do afeto acolhem-se uns aos outros em alegria, sim, eu vejo. Eu vejo!
E te encontro com os olhos vazios, buscando o chão, almejando terra firme, pois sinto outra vez esta ausência luminosa, tu, cercado das próprias lembranças conjuntas.
Estou aqui. Eu estou.
Um comentário:
Me senti extremamente climatizado no texto - no sentido de estar dentro das palavras.
O ritmo frio e seco com que as palavras se colocaram causou-me um frio físico.
Gostei bastante.
Postar um comentário