24 de maio de 2011

aquarela confessional

Andei pensando no seu rosto parado na varanda e nas coisas que você me disse aquele dia: gosto muito de andar de calça branca pela casa, e arrastar os pés no cimento frio do jardim. E lá você ficou, numa moldura feita pelo horizonte, de camisa suja de trabalhos e tarefas só suas, das suas ideias; e eu estava tão fixo e abestado com tudo isso que roubei uma foto sua ali, naquela hora, antes de você sorrir e me dizer: para! como que querendo mais, desejando mais, dando as costas para mim e pensando se eu não podia te fazer um altar inteiro, pra te admirar a tarde toda e pintar a sua calça, e a vaidade do vento que passa entre as suas pernas quando sai andando da sala para o quarto;

e a gente dançou uma música, eu fiz o café, esquecemos o dia e saímos de noite; não sei como nos encontramos sem sequer nos perdemos um do outro, mas nos seus olhos eu vi que a sua vontade era a minha.

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