12 de março de 2014

ciranda

dançam no teto
todos os teus anjos
descem invisíveis
esticam os dedos, frios
ao calor das gargantas

amam, agigantando-se sobre os teus sonhos
e te sopram no rosto a mesma máscara que usam
e que não vês
tu és aquilo que jamais serão

do alto do teu altar perfumado
afiam o silêncio à minha presença
abrindo com ele a tua boca
e pondo aí uma aranha

segues mimético
preso ao realejo do sagrado
um pássaro indecifrável

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