21 de janeiro de 2008

Línguas de Faca | O Picadeiro

Óbvio ninguém entender como as coisas ocorrem; atrás de um palco sempre há a regra básica da disciplina jogada pro alto, no momento errado tudo sempre está fora do lugar; para dar vantagem ao jabuti, basta elogiar o coelho.

Mas eis aqui a parte tragicomédia da coisa: a fala. Naturalmente o poder das palavras é muito mais evidente quando soa, vibra, atravessa carne ou pedra; e é correto afirmar que os homens de boa vontade nunca sabem usá-las, nunca dominam o dedilhar, a segurança aracnídea da coisa, não, a justiça é gravada nas mentes alheias pelo som, como já foi dito, atravessa a carne.

O grande mérito é daquele que sabe ouvir a seu respeito, afirma todas as verdades, varre todas as mentiras, e ainda assim está disposto a afiar as línguas, sejam as boas ou as ruins; o fio é necessário, tolos são os atiradores de faca que não exigem da sua dupla um filete à mais de coragem e confiança, ou os que não amolam as armas por receio, pelo sofrer antecipado. Estes atiram apenas plástico contra a solidez, contra o fogo; de que adianta choramingar e semear a inquietação se não se aprendeu a moral da história? Se só se vive de uma mentirinha em cima da outra, ou se a única empolgação da vida é saber o que ocorre na janela do vizinho?

O picadeiro tem dessas coisas, virtudes e perigo, mas só sabe lidar bem com isso, e com as pessoas, quem já foi atração de circo e não se deixou levar pelo orgulho, ou caiu do cavalo e riu depois.

Nem toda criança gostou de palhaço; nem todo palhaço viveu só de palhaçada.

Um comentário:

Patrícia C. Carvalho disse...

Olá! Tudo bem? Sou Patricia, e novata no mundo dos blogs!
Acabei de montar o meu, e estou pesquisando blogs interessantes... Gostei muito do seu, posso divulgá-lo em minha lista de favoritos?
Inté mais!
Pati
http://ealemdisso.blogspot.com