9 de junho de 2012

primeiro relato de Laura

não considerei colocar o vestido amarelo na mala já que não iria à festa alguma; saí com a única decisão de abandono do conforto no qual eu estava afundando e, necessariamente, trocaria por outro ainda maior caso permanecesse ali estirada por mais tempo.

claro que, como boa menina, trouxe uma caixa de bagulinhos sentimentais, coisa pouca e pequena, mas um fardo emocional que ocupou nas noites seguintes todo espaço vazio que encontrava entre as minhas dúvidas e reflexões mais simples.

eu sabia apenas que não poderia me drogar, trepar ou encarar uma piranha de frente pelos próximos meses, e pra mim isso era como viver engatada na segunda quando o mundo exige que você viva na quarta e o pé no acelerador; sóbria para sobreviver, um lema de guerra, selvagem dentro do limite urbano.

para uma qualquer, sem sal, cheia de referências óbvias e nenhuma vontade, eu estava apostando alto no erro, e não no tipo de erro clichê, eu estava pronta pra comer a própria merda.

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