levado pela destruição; destituído
desencontrado, jamais perdido
devora a serpente, infeliz
saliva a mágoa em minha boca
em nosso encontro feito de giz
dentro da sua armadura,
(te orgulhas?)
desonesto, finges o afeto
devora a serpente
engole o veneno
despeja as memórias
esqueces de ti, valente
a verdade é noiva do destino
e sua boca fará da violência
um diamante, um vestido
(...)
vá!
faz do meu rosto
conhecido por ninguém
caças um corço
ganha teu vintém
mas vá!
que teu pecado é segredo
e somente a aurora saberá
da ferida, do meu desejo.
28 de novembro de 2012
11 de novembro de 2012
breve sonho num campo de flores
sonhou com um deserto que era feito apenas de flores; o nada no sonho era uma coisa só e a ausência uma presença absoluta.
perdida, procurou-se em meio as flores; os pés, os braços, estava ali, cercada de um cenário que nada lhe dizia; solta, livre. perdeu-se mais ainda.
e por horas viu-se muito, muito desencontrada com aqueles caules verdes e o tom rosa claro em contraste com o céu muito azul; estaria doida? não lembrava de ter - quando acordada - tomado nada que não fosse a água meio quente da garrafa; e encontrando a garrafa de água meio quente dentro deste sonho, encontrou também um escorpião vivo sobre a tampa.
lhe faria mal o escorpião? e o que ele fazia sobre a tampa da garrafa de água meio quente e não no chão ou nas flores? ocorreu-lhe que o escorpião não é um inseto e subitamente sentiu-se jovem e violenta.
tomou para si a garrafa, e viu o escorpião correr sobre seu braço e encará-la de cauda erguida e pinças abertas;
não foi a dor do ferrão sobre a pele ou a água a escorrer pelo seu rosto que a despertou daquele local tão estranho, mas a nítida sensação de que alguém a observava muito além. um outro lacrau, talvez.
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