8 de fevereiro de 2008

O Sem-alma

Então o ar lhe foi retirado por ser puro; por ser ar.
E toda materialidade que lhe era dada não passava de expurgo, despejo, eram luxos não mais desejados; velhas bonecas russas.

Vivia em si, num corpo morto, numa mente vazia, onde cada demônio poderia habitar; cada doença cobriu-lhe de chagas e comeu suas vísceras.

Uma vez condenado, transformou-se em fantasma. Não era mais luz, nem escuridão; sua existência e sua não-existência eram ambas verdadeiras. Ainda constantemente violentado nesta condição, deixou-se; na verdade o que restava deixou-lhe.

Sabe-se apenas que o primeiro e o último suspiro da vida de um homem são seus únicos lampejos desbrilhantes de vida e de morte.

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