tantas vezes estive no Leme, na areia; você sabe, preciso desses tempos e desses lugares para encontrar alguma clareza dentro de mim, ainda que ocupado, eu sei - não largo o jornal ou aqueles tantos livros que leio - mas é meu estilo de botar a cabeça para funcionar.
nós sempre vínhamos ao Leme por algum motivo estranho, gostávamos tanto da prainha, do porre que era dirigir até a prainha, pra ficar lá só uma horinha; com você a praia era sempre curta, mas também essa sua mania de ficar com cara amarrada, eu achava que era tortura te deixar lá plantada numa canga horrorosa, sorrindo reto;
era amor, só agora eu sei; e mesmo estática você estava feliz, nada poderia me dizer isso na época, só esta lembrança dos teus olhos - estes sim, sempre vivos, sempre sorridentes - fixos no mar...
- fala alguma coisa.
e o par me espelhava num giro suave; e você, bom, você nada dizia;
acabo de ver o mar e é em ti que estou pensando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário